TRIBUNA DA BAHIA Ponto de Vista Galo paulista em terreiro baiano
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Vitor
Hugo
Soares
A
posse do ex-presidente da Petrobras
José Sérgio Gabrielli,
desde ontem novo Secretário de Planejamento do governo de Jaques Wagner,
foi organizada por ele e seus aliados, de forma a passar mensagens
inequívocas sobre política e poder no melhor estilo baiano.
Ou
simplesmente para marcar com pompa e circunstância o início da caminhada do
economista da UFBA e um
dos fundadores do PT, ao lado de Lula, rumo ao
Palácio de Ondina nas eleiçoes de 2014.
Ontem
na capital baiana tudo foi pensado, nos mínimos detalhes, para impressionar,
principalmente, aos que entendem e sabem decifrar os signos do mando e do marketing.
Em
meio a tão detalhado planejamento, o senão mais lamentado na festa ficou por
conta do imponderável.
Internado semana passada no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para cuidar
de uma infecção pulmonar, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (que faz
tratamento de um câncer de garganta) foi obrigado a cancelar a presença, em
Salvador, que estava marcada antecipadamente
e âcom prioridadeâ em sua agenda pessoal.
Amigo
e principal padrinho e avalista do nome de Gabrielli à sucessão âdo galego Wagnerâ, Lula mandou uma
carta de saudação (repleta de elogios pessoais e profissionais ao empossado,
com destaques para o Pré-sal, a fundação do PT e a longa convivência do baiano, ao seu lado
por dois mandatos) lida com muita emoção na festa petista no auditório da FLEM.
Recinto,
diga-se a bem da verdade dos fatos jornalísticos, lotado de pesos-pesados da
política, dos negócios empresariais
privados, do marketing,
do mundo acadêmico e dos mais elevados escalões da administração pública na
Bahia e no País, a começar pela nova presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, substituta de Sérgio Gabrielli na estatal.
Ideia primeira na fase de
organização: o evento deveria assinalar, além do prestígio de Gabrielli em sua nova
pretensão, o retorno reluzente do ex-presidente Lula (ao lado do afilhado
político) aos palcos e palanques das grandes disputas eleitorais. Um ato,
portanto, que seguramente
alcançaria enorme visibilidade regional e nacional neste ano de previsíveis
embates municipais históricos. De São Paulo ao Acre, de Pernambuco ao Pará.
Uma prévia fundamental para saber quem tem farinha para vender na feira em
2014.
Isso
tudo em um território particularmente agradável e de bons fluidos para o
ex-presidente da República (ele próprio tem assinalado este sentimento
repetidas vezes na Bahia). Ontem não deu para vir: Lula mandou uma mensagem
recebida com muitas palmas e algumas lágrimas. E a festa seguiu. Todo bom político,
principalmente em Salvador, sabe que não adianta verberar contra o imponderável. âToca o carro pra Lapinhaâ, como manda o grito
de guerra dos baianos na Festa do 2 de Julho.
Mas
engana-se, outra vez, rotundamente
(como dizia Leonel Brizola), quem pensar que, com
a ausência de Lula, a festa baiana da posse de Gabrielli, no secretariado do governo petista, ficou sem o brilho de
um astro de primeira grandeza no salão.
E
nem imaginem que o espaço petista
vazio, na ausência de Lula, foi ocupado por Graça Foster, Wagner
ou algum dos outros dois ansiosos postulantes
que disputam, com Gabrielli,
as graças do partido para concorrer como candidato governista à sucessão do âgalegoâ:
Walter Pinheiro (líder do governo Dilma
no Senado, baleado na asa esta semana, depois da primeira derrota da
presidente em votação no Congresso) e o deputado licenciado Rui Costa, novo
chefe da Casa Civil do governo estadual (e tido por muitos âcompanheirosâ
como candidato âin pectoreâ do governador).
Na
verdade, além do próprio José Sérgio Gabrielli,
a grande estrela da festa no Centro Administrativo da Bahia foi o deputado
cassado, ex-ministro-chefe da Casa Civil de Lula e atual poderoso dirigente
nacional e articulador
político do PT, José Dirceu.
Foram
as fotos ao seu lado âe o abraço de Zéâ que quase todos disputavam,
vivamente, na passagem de Dirceu
pelo auditório. Os companheiros históricos e de sempre do PT na Bahia (e não são poucos); os âvelhos
amigosâ do PC do B, a âturma
da pesada na esquerdaâ no tempo das lutas estudantis e da clandestinidade, os neo-petistas,
que há pouco tempo balançavam bandeiras do carlismo no estado, e até o âex-ministro da
ditaduraâ e empresário Angelo
Calmon de Sá.
âAmaldiçoado
quem pensar mal dessas coisasâ, diriam os franceses.
Mas
fato é fato, e foi Zé Dirceu
quem veio em carne e osso a Salvador - âele continua um pãoâ, suspirava
uma ex-militante das
passeatas baianas, presente ontem na FLEM
- para dizer que o nome do partido âe das esquerdasâ na Bahia, para a
sucessão de Wagner é o do
ex-presidente da Petrobras,
José Sérgio Gabrielli.
Doa em quem doer.
A
conferir
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segunda-feira, 12 de março de 2012
Galo paulista em terreiro baiano
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